Ainda
é cedo para previsão, mas 2017 poderá ter outro cenário e os cinco anos
seguidos de seca no Ceará poderão chegar ao fim. Qual o indício que
aponta para essa probabilidade? É o El Niño. O fenômeno, que atua para a
ocorrência de estiagens no Nordeste, vem perdendo força com o
desaquecendo das águas do Pacífico.
Com o enfraquecimento do El Ñino, vem
ganhando corpo outro fenômeno: a La Niña. O oposto do “Menino” produz um
esfriamento no oceano Pacífico. Um episódio climático, de influência
global e regional, com possibilidade de favorecer o Semiárido cearense
no ano que vem.
Os dados, ainda preliminares, estão
sendo analisados pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos
Hídricos (Funceme) a partir de gráficos recentes, de abril último,
produzidos pelo International Research Institute for Climate and
Society, da universidade de Columbia (EUA) – uma das parceira da
Funceme.
De acordo com o meteorologista Raul
Fritz, da Funceme, atualmente o aquecimento da porção do Pacífico que
interessa para as previsões no Nordeste do Brasil está em 1,1º C. Já
esteve 3º C acima da média, entre dezembro de 2015 e o começo de janeiro
deste ano.
A tendência, segundo a previsão da
época, era de que fenômeno não perderia força. O El Ñino estava no pico
de intensidade e empurrava o Ceará para o quinto ano consecutivo de
estiagem severa e uma quadra chuvosa com precipitações abaixo da média
histórica (em torno de 804.9 mm de fevereiro a maio). E se confirmaram
as previsões da Funceme. As chuvas de março, principal mês da quadra
invernosa do Ceará, foram 33% abaixo da média histórica.
Para o fechamento do trimestre de
março-abril-maio deste ano, a previsão persiste com 70% de chances de
ficar abaixo da média e somente 5% de ficar na categoria acima da média.
Um dos indicadores de acerto da Funceme é
a baixa carga dos reservatórios cearenses até aqui. Hoje o volume de
água dos 153 açudes do Ceará não passa de 13,3% da capacidade total. Um
agravante para a travessia do quinto ano seco e mais prejuízos à vista
para o Semiárido.
La Niña
Os gráficos do International Research
Institute for Climate and Society mostram, de acordo com Raul Fritz, que
no momento há uma possibilidade entre 60% e 70%, até o final do ano, do
aparecimento do La Niña. “Ela, que é o oposto do El Niño, ajuda na
qualidade de nossas chuvas. Ou, pelo menos, não atrapalha”, afirma o
meteorologista.
Para que se consolide a tendência de
surgimento e permanência da La Niña em 2017, outras dados de previsão
climática e de temperatura deverão ser colhidas dos oceanos Pacífico e
Atlântico e cruzados em modelos matemáticos.
Há mapas que migraram da coloração
laranja e vermelha – que indica aquecimento das águas do Pacífico – para
uma macha azulada. Um sinal de que está se instalando um resfriamento e
a possibilidade de atuação da La Niña no trimestre de
dezembro-janeiro-fevereiro próximo. Falta, agora, a previsão para
março-abril-maio do ano que vem. Exatamente o período da quadra chuvosa
no Ceará. Então a expectativa é que os dados se consolidem e tragam a
chuva tão necessária.
Fonte: Iguatu Net via O POVO
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