terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Polícia vai intervir em Alcaçuz nesta terça, diz secretário de Segurança


Bezerra disse que 70 agentes penitenciários federais chegam terça. Detentos continuam soltos na Penitenciária de Alcaçuz.
O secretário de Segurança Pública e Defesa Social do Rio Grande do Norte (Sesed), Caio Bezerra, afirmou nesta segunda-feira (23) que a Polícia Militar e Grupo de Operações Especiais (GOE) da Secretaria de Justiça (Sejuc) vão entrar na Penitenciária Estadual de Alcaçuz para uma revista minuciosa nos pavilhões nesta terça (24). Ele também anunciou uma série de medidas urgentes (veja a lista abaixo) para tentar solucionar o problema do presídio, que há dez dias enfrenta rebeliões.
Segundo o secretário, todos os pavilhões serão alvo da intervenção.
As medidas foram anunciadas após reunião do Gabinete de Gestão Integrada (GGI) na Escola do Governo, que durou duas horas, entre o governador, secretários da Segurança e Justiça, Procuradoria da República e entidades convidadas para debater sobre a situação do presídio.
"Vamos paulatinamente, com esse reforço das Forças Armadas, dos agentes penitenciários levar os presos para dentro dos pavilhões", afirmou. "Estamos trabalhando para resolver esse problema o mais rápido possível."
Os detentos continuam soltos dentro da penitenciária onde uma rebelião deixou pelo menos 26 mortos. Questionado se a intervenção servirá para tirar as armas do presídio, o secretário respondeu: "Sem dúvida nenhuma. Já tirei vários caminhões com armas brancas, com facões, com lanças".
O secretário anunciou ainda medidas que serão tomadas nos próximos dias para tentar retomar o controle de Alcaçuz e que, segundo ele, começam imediatamente. Ao todo, 70 agentes penitenciários federais e de quatro estados vão ajudar nas ações.
Veja as medidas anunciadas:
- reparos nos pavilhões 2 e 3, que serão fechados, de modo a trazer todos os presos para eles e deixar separados os do pavilhão 5;
- colocar cerca externa com sistema de alarme afastada 50 metros do entorno de Alcaçuz, para ter um perímetro de segurança para evitar entrada de armas no presídio;
- executar uma obra de eclusas, portões coordenados, abertos e fechados, para garantir entrada de forças policiais no pavilhão 5;
- reparar as guaritas interditadas;
- implantar sistema de videomonitoramento;
- realizar a limpeza da vegetação no entorno;
- concluir o muro interno que separa o pavilhão 5 dos demais para manter os grupos rivais afastados;
- realizar o concretamento na base da murada para dificultar a escavação de túneirs;
- concluir a iluminação externa.
Ainda segundo o secretário, o número de mortes pode subir para 28 no presídio, mas a perícia ainda vai confirmar a informação. "O número de vítimas seriam de 28 até o momento. Precisa da confirmação da perícia oficial", disse.
Ezequiel Ferreira, presidente da Assembleia Legislativa do RN, também comentou sobre a situação do presídio e tentou explicar a demora de dez dias para entrar no presídio. "Havia duas facções se digladiando lá dentro, com barricadas e armados. E a entrada da polícia da forma que se esperava, de acordo com a explicação dada aqui [durante a reunião] ia empurrar uma facção pra cima da outra e poderíamos ter mais mortes", disse.
Confrontos
Há dez dias, presos de duas facções disputam o poder na unidade. De um lado, ocupando a área dos pavilhões 4 e 5, estão membros do PCC. Do outro, nos pavilhões 1, 2 e 3, estão detentos que fazem parte do Sindicato do RN. Em menos de dois dias a Força Nacional encontrou três túneis que davam na área externa de Alcaçuz.
Antes do início dos conflitos, a penitenciária tinha 1.169 presos. Já no presídio Rogério Coutinho Madruga, que é o pavilhão 5, estavam outros 350.
No dia 14, início da rebelião, pelo menos 26 detentos foram mortos. Na quinta (19), após novo enfrentamento em Alcaçuz, muitos presos ficaram feridos. A PM confirmou que há novos mortos dentro da unidade, mas não informou o número.
Construção de muro
No último sábado (21), enquanto um muro de contêineres era posicionado dividindo as facções, equipes do Instituto Técnico de Perícia (Itep) encontraram e recolheram duas cabeças, um antebraço, um braço e uma perna.
Os contêineres, cada um com 12 metros, darão lugar depois a um muro de concreto de 90 metros de extensão. O governo diz que que a construção desse muro permanente levará 15 dias.
Em Alcaçuz, detentos circulam livremente dentro dos pavilhões desde março de 2015, quando uma série de rebeliões destruiu as grades das celas. Na manhã desta segunda-feira, os detentos continuavam no telhado.
Fonte: G1

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