1 – Incite, não informe
Uma boa
aula não termina em silêncio, ou com os alunos olhando para o relógio. Ela
termina com ação concreta. Antes de preparar cada aula, pergunte-se o que você
quer que seus alunos aprendam e façam e como você os convence disso?
Olhe em
volta, descubra o que pessoas, nas mais diferentes profissões, fazem para
conseguir a atenção dos outros. Por exemplo, ao fazer um resumo de uma matéria,
não coloque um “título”; imagine-se um repórter e coloque uma manchete.
2 – Conheça o ambiente
Você
nunca vai conseguir a atenção de uma sala sem a conhecer. Onde moram os alunos
e como eles vivem – quem vem de um bairro humilde de periferia não tem nada a
ver com um morador de condomínio fechado, apesar de, geograficamente, serem
vizinhos. Quais informações eles tiveram em classes anteriores, quais seus
interesses. Mesmo nas primeiras séries cada pessoa tem suas preferências e o
grupo assume determinada personalidade.
3 – No final das contas (e no começo também)
As partes mais importantes de uma aula são os
primeiros 30 e os últimos 15 segundos. Todo o resto, infelizmente, pode ser
esquecido se você cometer um erro nesses momentos. Os primeiros 30 segundos
(principalmente das primeiras aulas do ano ou semestre) são um festival de
conceituação e de cálculo dos discentes. Mesmo inconscientemente, eles
respondem às seguintes questões:
- Quem é esse professor? Qual seu estilo?- O que posso esperar dessa aula hoje e durante todo o ano?
- Quanto da minha atenção eu vou dedicar?
E isso, muitas vezes, sem que você tenha aberto a boca.
Você certamente já presenciou esse fenômeno em
algumas palestras: elas acabam meia hora antes do final. Ou seja, o
apresentador fala o que tinha que falar, e passa o resto do tempo enrolando. Ou
então, pior, gasta metade da apresentação com piadas, truques de mágica,
histórias pessoais que levam às lágrimas, “compre meu livro” e aparentados, e o
assunto, em si, é só apresentado no final – se isso. Por isso, uma das regras
de ouro de uma boa aula é – simplifique, tanto na linguagem como na escrita.
Caso real: reunião de condomínio na praia, uma senhora reclamava que sua TV não
funcionava direito. Escrever e falar da maneira mais simples possível não
significa suavizar a matéria ou deixar de mencionar conceitos potencialmente
“espinhosos”. Use e abuse de exemplos e analogias. Divida a informação em
blocos curtos, para que seja mais bem assimilada.
5 – Ponha emoção
Apoiar-se somente na matéria é uma forma
garantida de falar para a parede, já que grande parte dos alunos estará
prestando atenção em outra coisa. Treine seus gestos, conte histórias,
movimente-se com naturalidade. Passe sua mensagem de forma interessante. Para o
bem e para o mal, você dá aula para a geração videoclipe. Pessoas que foram criadas
em frente aos mais criativos comerciais, em que videogames mostram realidades
fantásticas. Entretanto, a tecnologia deve ser encarada como aliada, e não
inimigas – apresentações multimídia, aparelhos de som, videocassetes – tudo
isso pode ser usado como apoio à sua aula.
6 – A pedra no
sapato
Pode ser a bagunça da turma do fundão. No ensino
médio e superior, pode ser aquele aluno que duvida de tudo o que você diz pelo
simples prazer de duvidar. Ou pode até ser um livro esquecido, ou computador
que resolve não funcionar.
De qualquer maneira, grande parte do sucesso de
sua aula depende de como você lida com esses inesperados. Responda a uma
pergunta de maneira rude ou desinteressada, e você perderá qualquer simpatia
que a classe poderia ter por você. Seja educado e solícito – a pior coisa que
pode acontecer a um professor é perder a calma.
A razão é cultural e muito simples: tendemos
sempre a torcer pelo mais fraco. Neste caso, seu aluno. A classe inteira tomará
partido dele, não importa quem tenha a razão.
Se um discípulo fizer um comentário rude, repita
o que ele disse e fique em silêncio por alguns instantes – são grandes as
chances de ele se arrepender e pedir desculpas. Se for preciso, diga algo como
“Estou pensando no que você disse. Podemos falar sobre isso após a aula?” Outra
forma de se lidar com a situação é responder a questão na hora, ponderadamente
– e para toda a classe, não apenas para quem perguntou. Termine sua exposição
fazendo contato visual com outro aluno qualquer, por duas razões – a expressão
dele vai lhe dizer o que a turma inteira achou do que você disse ao mesmo tempo
em que desestimula outras participações inoportunas do aluno que o interrogou.
Não transforme sua aula em um debate entre você e
um aluno – há pelo menos mais 20 e tantas pessoas presentes que merecem sua
atenção.
7 – Pratique
Sua aula, como qualquer outra ação, melhora com o
treino. Muitos professores se inteiram da matéria, e só treinam a aula uma vez –
exatamente quando ela é dada, na frente dos alunos. Não é de se admirar que
aconteçam tantos problemas com o ritmo – alguns tópicos são apresentados de
maneira arrastada, outras vezes o professor termina o que tem a dizer 20
minutos antes do final da aula. Sem falar nos finais de semestre em que se
“corre” com a matéria.
Só há uma maneira de evitar tais desastres.
Treine antes. Dê uma aula em casa para seu cônjuge/filhos ou, na falta desses,
para o espelho. Não use animais de estimação, são péssimos alunos – seu
cachorro gosta de tudo o que você faz e os gatos têm suas próprias prioridades,
indecifráveis para as outras espécies. E o que se busca com o treino é,
principalmente, uma crítica construtiva.
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